Cheguei. Fui procurar alguma informação sobre ônibus e seus horários para voltar para casa, para aquele aconchego, luxo, vida boa onde não faltavam comida e calor. Comecei a subir os degraus com o pé direito e terminei a escada com o esquerdo, contanto, um a um.Nove. O guiche estava ali, uma fila pequena, estava indo para lá.
"Tio me compra um salgado?"
Por que não? me perguntei. Vi primeiro sua cabeça, cabelo preto liso, sujo, moreninho o meninho.
"Você gosta de coxinha?" Pelo balançar da cabeça acho que sim. Andamos até o balção do bar, segundo andar da rodoviária que ficava perto do guiche mesmo. Chegamos em segundos e pedi uma coxinha. Ela estava vindo para mim, mas falei que não era pra mim e sim pra ele, apontei e paguei.
Aquela cara de surpresa, medo e alegria em seu rosto me surpreendia. Ele não merecia estar lá e pedir às pessoas que o ajudem, a culpa não é dele.Por que eu tinha minha casa e ele passava aquele aperto desgraçado de ruim?Deveria ter feito mais por ele. Acho que tinha irmãos, pois virou para um lado que perdi de vista com mais uns dois companheiros a segui-lo. Aquilo não ia matar o que estava matando ele, mas iria ..........que triste. Ele não tinha mais que oito ou dez anos.
Às vezes sinto culpa por não ter feito mais, acho que poderia,sim poderia. Não queria que esse meu ato soasse como heróico e sim, exemplar. Mas deveria ter feito muito mais.
Comecei a pensar que um pouco de atenção e pelos menos uns dez minutos de conversa e ajuda poderiam mudar algo.
Acho que amar o próxima poderia começar por aí, por que não?
Essa pergunta me pega todos os dias, coisas a serem feitas, por que não?
quinta-feira, 17 de julho de 2008
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