Agora crescido não a conhecia muito. Só sabia que era Mãe do dono da padaria. Essa que fui lá muitas vezes, somente quando pequeno, mas agora raramente. Amiga de meus avó, da família. Estava ali por perto, na vizinhança, não andava muito. Às vezes, na esquina da padaria ficava, a olhar o movimento, os carros, as pessoas, apenas a meditar.
A idade chega, a dela e a minha também. Esqueci muitas coisas de minha infância que tinham a presença dela, acredito eu. Vivia na padaria.
Pipoca, pinball, maquina das moedas e apanhador de bixinhos de pelúcias. Gastava bem lá. Vinte e cinco centavos, uma moeda por uma, e vinte e cinco reais saiu para minhas mãos, cem moedas de de vinte e cinco. Quanto dinheiro, fortuna de criança boba.
Um dia normal, mais um. Saí de casa. Cheguei na casa da Vovó em frente a padaria e deixei a bicicleta azul e amarela com um guidon meio mole, porque é de terceira ou quarte qualidade, mas...
Deixei-a, pedi a benção para a matriarca paternal. Saí de novo, todavia da casa da Vovó agora.
Atravessei a rua, Dona Lola acaba de virar a esquina.Agora, dez passos depois minha vez de virar, viro. Bum.
A moto cai e Dona Lola também. O motorista se desespera, como se tivesse atropelado sua própria avó. Dona Lola, saiu da padaria para quê Dona Lola?
No chão, sem ar. O que faço, como ela está(que pergunta idiota né, é claro que não muito bem)?
Se eu tentar ajudá-la, mas seria perigoso. Nunca socorri alguém e se eu terminasse de quebrar a coitada, a culpa seria maior. Fiz o que pude. Celular no bolso, direto foi parar nas mãos. 190 liguei, policia, ambulância, alguém venha agora, a Dona Lola está no chão.
Não vi sangue na vida real, mas vi...
Minha barriga tremia, girava, meu estômago pulava, queria sair de lá. As pernas trêmulas como se não aguentasse esse marmanjo.Chegou do nada, por acaso. Abriu as portas, coloco-a na maca e saiu gritando, fazendo barulho na contra mão. Salva pela ambulância que apareceu sem querer.
Está em Guará, acompanho por outros, mas acompanho.
Ela, tadinha, no chão , olhando pro céu azul, com falta de ar, sem falar, sem olhar pra outro lugar, irônico isso. Por que céu azul? Dona Lola não merecia cair, merecia só o céu azul.
Deus cuida de ti, Dona Lola.
quinta-feira, 10 de julho de 2008
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